quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Morfina

Doce criança
Invisível para o mundo,
Quieta na matança
Do silêncio profundo.

Vá nos braços de Morfeu,
Beba esse néctar que dele é produzido,
No cume do céu, da noite o apogeu,
Fez-se jubileu por tê-lo bebido.

As gotas de morfina
Provadas ao silente,
Prata líquida genuína
Findou-se de tão quente.

Ao vento o pó sonífero
Declina sobre teu rosto,
Enraivecendo-lhe mortífero
Acordando-a em oposto.

Gritos na Madrugada

Perdido na bruma,
Da noite sem fim.
A quietude perfuma
As trevas feitas pra mim.

Ouço gritos na madrugada

A neblina me faz flutuar
Arrancando-me os pés do chão.
Uma energia sobe a me acalmar
Suspirando por tão doce sensação.

Noite pérfida e calada

Os seres tremeluzentes
Avistam-me a chorar,
Bebem minhas lágrimas inerentes
Enquanto me abraçam no doce luar.

O escuro é minha morada

No concreto, brota a negra rosa
Que se esvai à luz do sol,
Morre triste e lacrimosa
Tendo a morte como farol.

Oh! Doce lua imaculada

O vento leva o cheiro de sangue
Derramado de meu viver,
Cego às nuvens, porém exangue,
Caio, e meu mundo volta a aparecer.

A dama carrega de luz feita a espada

E eu sigo por essa estrada
Eternamente a gritar,
Chamando a rosa dissipada
Sem nunca parar de chorar.

Berros no horizonte, gritos na madrugada