sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Beco Sangrento

A lua brilhava naquela noite e iluminava meus olhos e os do meu amor no Beco Sangrento, era como ele era chamado por todos quem um dia passaram por ele e nunca mais voltaram. Eu andava sem rumo e desnorteado vagando como um andarilho que se perdia na imensidão da vida, o meu amor naquela noite era a solidão, que me acompanhava fielmente e era mantida com rigor. Eu estava desorientado no beco e meu corpo tonto e vacilante se arrastava pelas paredes, eu parecia uma criança perdida dos pais e com medo do que poderia encontrar mais adiante. Eu parei deslizando no chão e recostando-me no muro pensativo com as minhas tribulações que eu sabia que um dia iriam embora com o vento. Eu tinha sido amaldiçoado pela tristeza e a única coisa que não importava era a vida, estava sendo mal agradecido à Deus por ele ter dado essa dádiva a mim. Eu sentia tonturas e enjôos, vomitei na calçada, olhei estranho e voltei a pensar na vida, eu era uma escória, um estorvo, eu via vultos passarem na minha frente e via os olhares tortos me machucando por dentro e ferindo meus sentimentos. Eu olhei para o alto e já com a vista cansada e tonta de tanto beber Vodka, eu deparei-me com uma aparição inacreditável, eu não sabia o que era, pois só via sua sombra e sua silhueta, o rosto dele se escondia na lua cheia da sexta-feira treze, eu abaixei a cabeça, esfreguei os olhos pensando estar delirante, mas ele continuava ali mantendo fixo o olhar, não sabia se era uma coruja ou um cão, acho que nenhum dos dois, mas com certeza um demônio. Iria me puxar pra morte levando-me assim para o inferno, acho que eu merecia uma morte com o cérebro inebriado de álcool. Ele tinha olhos vermelhos, cor de sangue, me hipnotizava, eu não corria e nem fugia, o medo consumia naquele momento e o meu coração palpitava acelerado, eu dei meu ultimo suspiro, o monstro pulou em cima de mim com voracidade, eu me debatia, ele carregava consigo uma lâmina, ele me fez degusta- lá provando assim da dor, eu tentava gritar, mas não conseguia, minha voz tinha ido embora e a minha vida também teve o mesmo destino.

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